Uma história sobre ego, crise e reconstrução. Opinio Álvarez compartilha seu maior fracasso e como reconstruiu sua empresa do zero.
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Opinio Álvarez Bisonó é um empreendedor. Ele fundou a AutoCare em 1995, uma empresa dedicada ao cuidado de automóveis, e mais tarde uma empresa de consultoria que lhe permitiu renascer após anos de dificuldades financeiras. Seu objetivo é ser um empresário consciente, compartilhar sua história e ajudar outras pessoas a evitar os erros que o levaram ao fundo do poço.
Opinião: Para mim, o fracasso não é o resultado em si, mas a falta de preparação e adaptação diante dos obstáculos. Fracasso é quando você não tem a capacidade de aprender e evoluir com seus erros, não sabendo quando ajustar seu curso e caindo nos mesmos padrões sem aprender com as experiências passadas.
Ele se torna um fracasso quando não são tomadas decisões conscientes para lidar com a adversidade.
Opinião: Minha vida estava programada para ser um banqueiro, mas um acidente de carro que tive em 1993 me levou a Miami para comprar peças para meu veículo. Lá, vi uma oportunidade de negócio na importação de autopeças e peças de reposição.
Foi assim que nasceu a AutoCare em 1995, meu projeto de vida. Eu sonhava em ser a referência no setor, a primeira empresa em que as pessoas pensariam quando falassem sobre cuidados com o carro.
Tivemos um crescimento sustentável por 13 anos. Eu havia conseguido posicioná-la como líder em cuidados automotivos. Eu estava em todas as revistas, bem posicionado, e até me chamavam de "Rei Midas" porque cada negócio que eu abria eu transformava em ouro.
Com o tempo, cresci com novas filiais e abri uma linha especializada em limpeza de aeronaves, barcos e iates.
Senti que não havia limites. Foi quando o ego começou.
O sucesso me fazia sentir invencível, e eu não via que o crescimento sem estrutura, reservas ou controle financeiro era sua maior fraqueza, uma bomba-relógio esperando para explodir.
Opinião: Muito dinheiro estava entrando mensalmente, mas cerca de 60% desse dinheiro era destinado a pagar os empréstimos do banco para abrir mais agências.
Não mudei meu estilo de vida. Continuei comprando meus "brinquedos", um Rolex, um barco, depois um maior, um Porsche e depois um modelo mais novo. Continuei parecendo bem-sucedido enquanto o negócio estava sangrando, não diversifiquei a renda, não criei reservas.
Comecei a viajar para outras cidades e, com isso, a me afastar das atividades comerciais. Confiei em pessoas que, mais tarde, descobri que não estavam lidando muito bem com as coisas.
Achei que essa boa fase duraria para sempre.
Chega a crise de 2008. Vários bancos faliram na República Dominicana e o dólar disparou. Perco muitos clientes que possuem iates e aviões, 10% da receita da AutoCare na época.
Gradualmente, fechei filiais. Isso significava que, de 100% da renda anual, eu gerava apenas 40%. Comecei a vender meus carros, relógios e barcos.
Em 2013, o departamento de aqueduto de Santo Domingo quebrou a rua em frente à filial em Bellavista, a filial que gerava a maior receita. Tivemos que fechar.
Opinião: Percebi isso quando fechei a primeira filial, mas não aceitei, achei que era temporário. Depois fechei a segunda... e ainda estava em negação.
O sinal mais claro de que estávamos fracassando foi quando nos vimos incapazes de cumprir nossas obrigações financeiras. Eu tinha cinco bancos para pagar, mas tinha a capacidade de pagar três. Eu alternava os pagamentos, um mês para três e o outro mês para os demais. Isso continuou por um ano inteiro. Sempre pagando, mas em um ritmo insustentável.
Mas eu não aceitei até que me vi com apenas uma filial. Foi quando as pessoas entenderam que eu estava falido e começaram as reclamações trabalhistas.
Fui ao banco para reestruturar empréstimos. Assinei várias notas promissórias e documentos, que eram minha sentença. O que mais doeu não foi perder as agências, mas perder a ilusão de que eu estava no controle, e foi aí que percebi que havia fracassado.
Opinião: Eu me sentia perdido, sozinho, cheio de culpa e vergonha, era uma mistura de ansiedade, medo e frustração. Eu me perguntava em que ponto eu havia estragado tudo.
Eu havia construído minha identidade com base no sucesso e, quando caía, sentia que também estava caindo. A parte mais difícil era manter as aparências diante de minha família, funcionários e amigos.
Eu estava completamente exausto e não sabia como lidar com a situação. Meu ego e orgulho me fizeram resistir por um longo tempo, mas, no fundo, eu sabia que minha falta de planejamento e controle tinha sido a causa.
De 2015 a 2018, fiquei muito sobrecarregada e com o moral no chão, entregando meu currículo para procurar oportunidades. Foram momentos de muita crítica e solidão, mas que me ajudaram a me encontrar.
Opinião: A resolução do fracasso foi um processo longo e doloroso. Tive de enfrentar as consequências, reconhecer meus erros e me adaptar à nova realidade.
Em 2018, conheci alguns colegas argentinos que tinham o know-how para abrir uma consultoria, mas não os contatos para abrir as portas para si mesmos. Eu me tornei esse contato e aprendi o ofício.
Começou a entrar uma receita limpa, o que ajudou a saldar as dívidas mais rapidamente.
Em 2021, reformulei o negócio e relancei o AutoCare. Para onde estamos hoje. Com um crescimento mais organizado, com consciência. Tive de abrir mão do ego, aceitar ajuda e me concentrar na disciplina, na humildade e no planejamento para construir novamente sobre bases sólidas.
Opinião: Eu teria um planejamento mais rigoroso e um consultor financeiro para me ajudar a tomar decisões importantes.
Eu não me deixaria levar pelo ego ou por pressões externas.
Eu seria mais humilde, aprenderia a medir a expansão e me certificaria de que cada passo fosse sustentado. Eu seria muito mais cauteloso ao fazer empréstimos e trazer pessoas para a empresa.
Eu aprenderia com os erros do meu passado antes de correr outro risco.
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Editado por
Ricardo Guerrero
Vamos transformar nossa percepção do fracasso e usá-lo como um catalisador para o crescimento.