Criar interfaces e comunicações neutras não significa apenas deixar de presumir que nosso usuário é do sexo masculino.
Tornar o texto de interfaces e outras comunicações neutras em termos de gênero é um pouco mais difícil em espanhol do que em inglês, pelo simples motivo de que as interfaces tendem a falar na segunda pessoa (tú/usted) e, ao contrário do inglês, onde o gênero não está implícito na segunda pessoa, em espanhol ele está constantemente implícito nos adjetivos. E acontece que os adjetivos são usados com frequência nas interfaces para comunicar status ("confirmado", "conectado", "registrado" etc.).
Criar interfaces e comunicações neutras em termos de gênero não significa apenas deixar de presumir que nosso usuário é do sexo masculino. Mesmo que saibamos o gênero do nosso usuário, há um grande número de pessoas de gêneros não binários que não se sentem confortáveis com denominações masculinas ou femininas (e para as quais até mesmo perguntar o gênero pode ser invasivo). Evitar presumir o gênero do usuário garante que todos se sintam tratados adequadamente ao interagir com nossos serviços.
Na Get on Board, estamos sempre questionando isso. Aqui estão algumas dicas que nos ajudaram a resolver a maioria das armadilhas:
Essa é a dica mais simples. Na forma masculina, eles parecem iguais, mas não são:
Quando não for possível evitar o adjetivo, podemos mover o sujeito da frase para que, em vez de ser o usuário, seja algo que pertença ao usuário (e pode ser de qualquer gênero), como sua sessão, sua conta, seu convite e assim por diante:
Além disso, isso ajuda a comunicação a ser menos agressiva e pessoal quando se trata de comunicar problemas ou más notícias:
Esse conselho também ajuda a melhorar a neutralidade quando a interface do usuário precisa se referir a terceiros, cujo gênero também não deve ser presumido, por exemplo, ao gerenciar membros da equipe. Falar em "usuário" geralmente é uma solução imperfeita e leva a expressões estranhas ("A usuária Maria Gomez está confirmada"). Nesses casos, também é útil mudar o assunto:
Parafrasear os assuntos e mencioná-los como "pessoa" nunca falha:
O uso de pronomes relativos (who, whom) também é uma maneira elegante de tornar as frases neutras quando há uma ação implícita:
Muitos adjetivos podem ser facilmente parafraseados:
Em diálogos de confirmação:
Outra opção nas caixas de diálogo de confirmação é simplesmente ignorá-las e oferecer a opção de desfazer 😉.
Há alguns casos em que é muito difícil evitar a implicação de gênero, como quando se tenta descrever funções. Por exemplo, se eu pegar"Mary is now a (non-neutral)teacher " e tentar mudar para"Mary now has the role of a teacher", mesmo que soe mais neutro, ainda assim não é realmente neutro, já que "role" é transitivo e o sujeito ainda é Mary. Em situações como essa, há algumas alternativas:
Ao fazer testes com usuários... desculpe, usuários do seu produto, tente envolver pessoas de gêneros diferentes e peça explicitamente que digam se detectam partes da interface que presumem um gênero diferente do deles.
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Este artigo foi publicado originalmente no blog Get On Board.
Editado por
Raquel Rojas
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